Trabalhando como designer de marcas, já vi projetos que não possuíam um guia no escopo, onde o cliente desdobrou a marca de uma forma tão boa, que eu jamais teria imaginado. Em contrapartida, já vi muitos dos projetos que trabalhei serem desdobrados de formas um pouco incoerentes, que até mesmo pensei: "Nossa, esse cliente nem sequer leu o guia de identidade visual.
Por que será que isso acontece?
Algum tempo atrás, ouvi alguém dizer: "Eu quero um guia de identidade visual para ter mais liberdade na hora de criar minhas peças de comunicação." De início, esse pedido parece um contrassenso, mas quando paro para pensar de forma mais profunda, entendo que, na verdade, essa frase faz muito sentido.
Como designer, é parte do meu trabalho entender as necessidades básicas do usuário (meu cliente). E se eu enxergar o guia de identidade visual como uma ferramenta de design, entendo que ele precisa ser adequado à realidade de quem vai utilizá-lo, ou ao menos, ter uma clareza de para quem esse material é destinado.
De que forma um executivo de negócios vai utilizar o guia de identidade da sua marca? E um time de marketing? E a agência de comunicação?
Nos últimos 5 anos de Molde®, tive a chance de desenvolver projetos e auxiliar na implementação de uma diversidade de marcas, o que trouxe alguns ensinamentos:
Aprender que empresas são diferentes em tamanho, equipes e necessidades me fez entender que a forma como elas irão trabalhar com os elementos da marca que eu acabei de criar também pode ser muito diferente. E que as orientações, explicações e exemplos de um guia de identidade também precisam ser diferentes.
Esse tipo de documento pode contar com exemplos de aplicação ou até apresentar composições pré-definidas, como no caso de um guia de embalagens. Isso diz respeito a padrões que já foram estabelecidos pela empresa e que devem continuar a ser replicados.
Qual a função de um guia de identidade visual então?
Ele serve para encurtar caminhos na hora de aplicar a comunicação da marca, mas na essência, ele não isenta o profissional da responsabilidade criativa; pelo contrário, revela as diretrizes estabelecidas, desafiando o profissional a interpretar e expressar a marca de maneira inovadora.
No fim, o guia de identidade visual é mais do que um conjunto de regras; é uma ferramenta flexível para dar direção, mas cabe a cada profissional interpretá-lo e aplicá-lo com criatividade, transformando diretrizes em expressões autênticas da marca.